José Roberto Cardoso
Na última semana a SBPC realizou sua 69ª. Reunião na UFMG. A SBMAG, associada à SBPC, esteve presente no evento e foi responsável pela organização da mesa redonda “OS DESAFIOS PARA O FUTURO DA EDUCAÇÃO EM ENGENHARIA”.
Como palestrantes recebemos Alessandro F. Moreira, Professor do Departamento de Engenharia Elétrica e atual Diretor da Escola de Engenharia da UFMG; Carlos A. Pacheco, Diretor Presidente da FAPESP e ex-Reitor do ITA e Oswaldo Masssambani, Superintendente da FINEP em São Paulo e criador da Agência USP de Inovação e da INOVA Paula Souza.
Pacheco discorreu sobre os baixos índices de titulação e de doutores na área de engenharia, quando comparados a países da OECD, o que levará nosso país a uma dependência tecnológica se o processo não for revertido. Destacou também aspectos da nova tendência na educação em engenharia, o qual exige um aprendizado ativo em contraposição ao aprendizado passivo praticado em nossos dias. Citou a visão de Jorge Gripp, aluno do ITA, o qual afirmou que “O modelo educacional atual não é motivador e utiliza a nota como meio de pressão externa”. Citou também a questão das “provas que ensinam somente a resolver problemas por similaridade. O aluno não vê conexão do que aprende com outras matérias nem com problemas reais”.
Estas afirmações levaram Pacheco, enquanto Reitor do ITA, a buscar alternativas internacionais para conceber uma nova ordem na educação em engenharia do ITA, a qual está se tornando paradigma no cenário nacional.
Massambani destacou a importância de aprimorar a qualidade dos professores, que ainda estão focados no ensino do passado e sentem dificuldades em se adaptarem ao ensino do presente. Estimular alunos do ensino técnico a concluir o curso de engenharia, pois são naturalmente vocacionados para esta profissão. Ampliar a infraestrutura de laboratórios “makers” para o estímulo ao empreendedorismo inovador e para permitir o afloramento da criatividade inerente do estudante de engenharia. Recuperar a industrialização do país e não só descontingenciar, mas também aumentar os recursos para CT&I, pois só assim teremos uma engenharia forte e capaz de enfrentar os desafios de nosso país em busca de uma posição tecnológica condizente com suas potenciais condições econômicas e disponibilidade de recursos naturais. Por fim, Massambani destaca que devemos “Empoderar o novo engenheiro para transformar o futuro”, pois só assim o grande sonho da estabilidade econômica e institucional será conseguida.
A mesa redonda se encerrou com a apresentação emblemática do Alessandro F. Moreira da UFMG. Seu entusiasmo com a nova ordem da educação em engenharia e com a importância do aprendizado ativo o levou conceber um projeto audacioso para a Escola de Engenharia da UFMG. O Projeto ENG200 “Programa de Inovação na Educação em Engenharia” é composto de uma série de atividades que coloca a UFMG na liderança das ações em prol de uma nova escola de engenharia no país. Se destaca neste projeto, a nosso ver, o “Núcleo de Inovação para Educação em Engenharia”, que atua como uma incubadora de projetos pedagógicos que conta com forte participação da comunidade discente.
No diálogo com a audiência a mesa recebeu contribuições enriquecedoras de professores, alunos e dirigentes presentes na sessão e mostrou a atualidade da discussão desta temática.
A SBMAG se compromete a manter ativa esta discussão nos fóruns adequados, visando não só ver uma educação em engenharia contemporânea em nossas escolas e também lutar para investimentos em pesquisa em CT&I sejam crescentes e bem geridos.